Inovação aberta e universidades: como alianças estratégicas aceleram a inovação científica

A colaboração entre academia e mercado como motor da inovação tecnológica e social.

Fluxograma explicando o funcionamento da inovação aberta e onde a Dobra entra

A origem da inovação aberta: de silos ao ecossistema colaborativo

O termo “inovação aberta” (open innovation) foi criado em 2003 por Henry Chesbrough, professor da Universidade da Califórnia, Berkeley. Sua proposta rompeu com a lógica tradicional da inovação fechada, onde empresas desenvolviam soluções internamente, protegendo a sete chaves todo o processo de pesquisa e desenvolvimento como um segredo estratégico.

Chesbrough observou que o acesso a talentos, ideias e tecnologias já não estava restrito às fronteiras organizacionais. Em vez de reinventar a roda ou manter projetos engavetados, as empresas poderiam colaborar com atores externos, como startups, fornecedores, clientes – e, principalmente, universidades.

Por que universidades são parceiras-chave da inovação aberta?

As universidades sempre foram fontes geradoras de conhecimento e novas tecnologias. Porém, historicamente, esse conhecimento diversas vezes permanecia confinado a publicações acadêmicas ou demorava anos para alcançar aplicações práticas.

Com a inovação aberta, elas assumem um papel mais ativo e estratégico no ecossistema de inovação. Isso acontece devido aos laboratórios, equipamentos, plataformas experimentais e toda a infraestrutura de ponta no alcance de mentes criativas e brilhantes de mestrandos, doutorandos e pós doutores que trazem visões interdisciplinares para projetos que antes estavam apenas no papel. Ao atuar como ponte entre diferentes atores, a universidade preserva credibilidade e independência técnica, qualificando as colaborações.

➡ ︎ Um estudo da UNESCO (2021) aponta que universidades engajadas em inovação aberta contribuem com maior transferência de tecnologia, aumento do número de patentes licenciadas e startups spin-off surgidas no ambiente acadêmico.

Inspirações reais: quando a inovação aberta e universidades criam valor

A prática da inovação aberta já rendeu frutos notáveis no Brasil e no mundo. Listamos alguns desses casos abaixo:

Universidade de São Paulo (USP) e Natura: Em 2006, a Natura aboliu o uso de animais em testes de segurança e eficácia, adotando mais de 60 métodos alternativos “cruelty-free”, muitos deles baseados em pele de laboratório, para avaliar seus produtos. Em 2019, Natura e USP firmaram parceria para investigar o potencial da bioimpressão 3D como solução para ampliar a produção de pele artificial. 

Essa tecnologia desenvolvida está inserida em um contexto de mercado crescente da beleza livre de crueldade animal, que em 2020 já movimentou US$ 5 bilhões e tem previsão de alcançar US$ 14,23 bilhões em 2027.

MIT (Massachusetts Institute of Technology) Industrial Liaison Program: o MIT mantém um programa formal de relacionamento com empresas, conectando mais de 200 corporações globais aos laboratórios da universidade. Em troca de uma anuidade, as empresas acessam conhecimento, consultoria e oportunidades de P&D colaborativo.

UFMG e Fiat Chrysler Automobiles (FCA, atual Stellantis): a Universidade Federal de Minas Gerais mantém um hub de inovação automotiva que integra pesquisadores e engenheiros da indústria para o desenvolvimento de novas tecnologias em mobilidade elétrica e eficiência energética.

“Queremos desenvolver competências nos jovens do estado e gerar novos talentos para trabalhar no setor” – Antonio Filosa, diretor de operações (COO) nas Américas e diretor de qualidade global da Stellantis.

Esses casos ilustram como a inovação aberta e universidades podem transformar pesquisa em negócios sustentáveis e soluções com impacto socioeconômico.

O que sustenta uma aliança de sucesso?

Embora as parcerias entre universidades e empresas ofereçam grandes oportunidades, elas também exigem atenção a aspectos essenciais para que realmente prosperem. Um deles é o alinhamento de expectativas: quando os objetivos não estão claros para ambos os lados, corre-se o risco de a colaboração naufragar entre as prioridades da academia e as demandas imediatas do mercado. 

Também é indispensável estabelecer uma governança sólida, com regras bem definidas desde o início sobre propriedade intelectual, divulgação de resultados e uso econômico das inovações, evitando conflitos mais adiante. Outro ponto crucial é a construção de uma relação pautada na confiança e na reciprocidade, onde cada parte reconhece o valor da outra, respeitando os diferentes ritmos, culturas organizacionais e perspectivas. 

Por fim, para que essas alianças tenham fôlego no longo prazo, é fundamental que as universidades ofereçam suporte institucional, incentivando políticas de inovação por meio de núcleos tecnológicos, incubadoras e parques científicos, criando um ambiente fértil para a colaboração florescer.

Os desafios ainda existem – mas são superáveis

É preciso reconhecer os desafios: diferenças de linguagem, burocracia, ritmos desiguais e eventuais tensões entre liberdade acadêmica e interesse econômico.

Mas, com diálogo, estrutura de apoio e políticas públicas adequadas, as parcerias de inovação aberta e universidades vêm amadurecendo e consolidando um novo paradigma: o da tríplice hélice – interação sinérgica entre universidade, empresa e governo.

Mais que tendência: necessidade estratégica

Em um mundo cada vez mais interconectado, a inovação aberta não é uma opção; é uma necessidade para a sustentabilidade econômica, tecnológica e social.

As universidades assumem, nesse contexto, um papel de agentes transformadores, conectando ciência e sociedade, formando profissionais mais preparados e catalisando o impacto das descobertas acadêmicas no cotidiano.

🟠 Você sabia que poderia fazer parte de iniciativas de inovação aberta?

Fontes consultadas

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